Ribeirão Pires está prestes a se tornar cidade-irmã de Chechelnyk. na Ucrânia. O feito é um dos legados que deixará a 2ª edição da FLIRP (Feira Literária de Ribeirão Pires) que este ano vai homenagear a escritora Clarice Lispector. Na pequena cidade ucraniana, nasceu em 10 de dezembro de 1920, Haia Pinkhasovna Lispector, cujo nome mudaria para Clarice após chegar ao Brasil com seus pais e duas irmãs, em 1922, fugindo da Guerra Civil Russa. De origem judaica, Clarice foi naturalizada brasileira nos anos 40, década que se tornaria essa famosa escritora.

Essa é só uma parte da história que será totalmente dissecada nos dias 28 e 29 de outubro durante a FLIRP, que preparou para este ano 11 mesas literárias e uma série de atrações para mostrar a grandeza e a importância de Clarice Lispector para a literatura brasileira.

Diante disso, a RCUB (Representação Central Ucraniano-Brasileira), como forma de gratidão a essa homenagem, acenou com a possibilidade de estreitar os laços de amizade entre Ribeirão Pires e a cidade natal de Clarice. A própria RCUB cuidou dos trâmites necessários, as duas partes já assumiram entendimentos sobre o acordo e a proposta será validada no próximo dia 26 pela chefe do Conselho da Prefeitura de Chechelnyk (Legislativo local), Svitlana Palisika. Em documento emitido na última segunda-feira, o Embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk, confirma o ato e a autorização do governo para formalização desse vínculo entre as cidades. “O assentamento natal de Clarice Lispector, Chechelnyk, localizado na Região de Vinnytsia, Ucrânia, declara não ter objeções ao conteúdo e a chefe do Conselho foi autorizada a assinar o Acordo”, diz o ofício.

O representante da RCUB, Vitorio Sorotiuk, celebrou a notícia. “Estamos muito felizes”, disse garantindo que a comunidade ucraniana participará ‘em peso’ da FLIRP, inclusive organizando a apresentação de um grupo folclórico. “Teremos dança, lançamento de livro, participação em mesa literária”. 

No Brasil, vivem cerca de 600 mil descendentes de ucranianos, 90% desse montante estão no Estado do Paraná, em cidades como Prudentópolis, Paulo Frontin, Ponta Grossa, Curitiba, entre outras. Uma pequena célula está no Grande ABC, sobretudo em São Caetano, que inclusive conta com uma Igreja Ortodoxa Ucraniana. Para Sorotiuk, essa homenagem da FLIRP é uma espécie de afago no coração dessa comunidade, que está tão arrasada devido à guerra com os russos. “É uma demonstração de solidariedade do povo brasileiro. Isso é um amparo muito significativo”, avalia.

O prefeito de Ribeirão Pires, Guto Volpi (PL), ressalta a importância cultural da iniciativa. “Firmar laços de amizade com Chechelnyk é um gesto que carrega vários significados. É a celebração de uma amizade internacional que nasce da literatura para honrar a memória de Clarice Lispector. Ribeirão Pires admira a Ucrânia e a história de seu povo. Queremos que essa amizade perdure e que os ideais de humanismo e de compreensão mútua frutifiquem mais parcerias para o futuro, visando a cooperação cultural entre as duas cidades. O mundo já tem guerras demais, queremos celebrar a amizade e a paz”. 

FLIRP

A 2ª edição da Feira Literária de Ribeirão Pires será realizada nos dias 28 e 29 de outubro, das 9h às 19h, no entorno do Paço Municipal, com entrada gratuita. Mais informações podem ser obtidas no site oficial do evento flirp2023.com.br.