28 e 29/10 • Ribeirão Pires

A liberdade de ser Clarice: Flirp será norteada pela representatividade feminina

Evento gratuito, que acontecerá em 28 e 29 e outubro, deseja explorar potencialidades de escritora que nasceu há 100 anos

Por Beatriz Mirelle

Mulher, de família ucraniana refugiada, que viveu a infância no Nordeste do Brasil. Visceral, independente e incomparável. Nenhum breve resumo ou adjetivo é capaz de mensurar as heranças de Clarice Lispector para a literatura nacional. Homenageada na Flirp (Feira Literária de Ribeirão Pires) deste ano, a escritora serve de inspiração, principalmente para meninas e mulheres, sobre a impetuosa vontade de ser livre para se tornar quem quiser. A segunda edição do evento ribeirão-pirense, que tem apoio do Diário, acontecerá, gratuitamente, em 28 e 29 de outubro, das 9h às 18h30, nas Ruas Felipe Sabbag, Domingos Morgado, Leonardo Meca e Paço Municipal. 

A orientadora educacional do setor de projetos pedagógicos da Secretaria de Educação da cidade, Tatiane Ribeiro, 37 anos, professora de Ciências na rede municipal, afirma que a representatividade ajuda a resgatar trajetórias históricas de mulheres. “Vemos um apagamento muito grande do legado feminino, em especial quando falamos de educação. Parece que as obras literárias só foram feitas por homens. Queremos contrapor isso.” 

Para isso, nos dias da Flirp, haverá uma exposição chamada “Universos de Clarice”, que falará sobre outras mulheres que conviveram com ela e trará debate sobre a potencialidade dessa escritora que nasceu mais de 100 anos atrás. “Estamos falando de uma mulher branca, que veio de uma família refugiada, cresceu no nordeste brasileiro e passou por situações críticas. Essas questões serão abordadas.” 

Tatiane adianta que, na programação, haverá conversas sobre Carolina Maria de Jesus, escritora negra que conviveu com Clarice, foi autora de “Quarto de Despejo” e começou a ter seus textos reconhecidos pela literatura nacional de forma mais intensa apenas há pouco tempo. 

DESCOBERTAS

Para a orientadora educacional, as obras de Clarice trazem reflexões sobre autoestima e autoaceitação. Também convidam o público a desconstruir a ideia de que a boa literatura deve ser rebuscada. “O legado da Clarice é de libertação. Ela teve um casamento que não foi bom e sabia que não era obrigada a se conformar com o que vivia, mesmo estando em uma época em que as mulheres não se divorciavam. Foi uma pessoa transgressora e é possível perceber isso de maneira sútil nos textos. Ela dá abertura para que as meninas e mulheres entendam que também podem ir além.”

PRIORIDADE

A decisão por homenagear uma mulher na Flirp deste ano foi a prioridade da organização do evento. “Entre as opções, Clarice nos pareceu a que tem maior penetração entre as massas, até no chamado ‘não leitor’, que se depara de supetão com frases dela nas redes sociais. Queremos atrair esse público. Também coincidiu com as questões da nacionalidade dela e o que a Ucrânia tem passado. Clarice é quem traz, de uma maneira mais intensa, a voz feminina para a literatura brasileira. Foi a primeira a fazer isso na década de 1940. Ela é uma potência e não podemos esquecer isso”, complementa o diretor de Patrimônio Histórico de Ribeirão Pires, Marcílio Duarte.

Conteúdo produzido pelo Diário do Grande ABC – Media partner da FLIRP

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